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BITCE 2020 - PARTE I

Teatro, Mito e História

Quando um dramaturgo desenvolve seus trabalhos a partir do mito, das personagens e figuras míticas, pode-se perceber de imediato uma “historicização do mito. E a dramaturgia então passa a fortalecer o repertório mítico em foco”. A história por sua vez está associada à noção de verdade, de fato histórico, de não ficção. Enquanto o mito, pautado nas narrativas, relatos, lendas e tradição oral, é sempre equivocadamente alocado no campo da ficção, da não verdade. “Mas há que perceber que essa linha divisória é bastante fluida, que não se trata na verdade de polos opostos. Na reelaboração dramatúrgica dessas referências, observa-se uma progressiva diluição da diferença, podendo ocorrer tanto uma ficcionalização ou mitificação da história quanto uma historicização do mito”, diz ainda Cleise Mendes. O que seria da dramaturgia sem a criação artística dos antigos calcada nos mitos? O que seria da psicanálise sem o mito de Édipo? E de Narciso? Do que falaria Jung não fossem os arquétipos? O que teríamos hoje, de tragédias e comédias, não fossem as Dionisíacas incentivando obras que perduram até hoje? Empédocles não sabia, mas o seu corpo lançando-se às chamas do Etna engendraria uma cena imaginária e de espanto para a eternidade. O mito se transubstancia e se faz história, filosofia, arte, religião... porque constitui um arcabouço da vida humana. O mito é a cena espetacular dos mundos.

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Rejane Reinaldo¹

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¹Esse trecho compõe a Tese Pentesileia, a rainha das Amazonas. Travessias de uma personagem, defendida e aprovada no Doutorado do Programa de Pós-Graduação  em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia: UFBA/PPGAC, no dia 15 de julho de 2015, em apresentação pública no Teatro Martin Gonçalves, da Escola de Teatro da UFBA, em Salvador, Bahia. 

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